segunda-feira, 4 de maio de 2009

O que isso tem a ver com avaliação?

"O que isso tem a ver com avaliação?"

Pergunta feita pela Lenira mas que sinto estar ainda ecoando por algumas cabeças da sala, inclusive na minha. Retornando pra casa, vim pensando...

Como a própria Lenira disse também, alguns professores vem com suas verdades já postas de maneira quase inquestionáveis, para logo depois avaliarem o aperfeiçoamento. Já outros (aí ela me incluiu) tentam alguns outros caminhos que não tem a rigidez e a avaliação como pressupostos. É claro que, como dissemos, nossos ranços ainda são muito modernos e, justamente por isso, o primeiro tipo pode causar um conforto maior, mesmo que seja mais penoso, mais pedante, seus conhecimentos são menos passíveis de questionamentos, já os segundos percorrem a linha tênue que ainda existe entre Professor e Aluno, Sujeito e Objeto e ousam ainda atravessá-la. Por isso, para uma matriz de conhecimento que ainda nos atravessa e nos constitui é um alvo mais fácil.

De todo modo, este desconforto é mais que legítimo e, inclusive, indício da impulsão fabulosa da juventude, de quem entra pra graduação. Impulsão e vontades estas que tanto me encantam e que constituem, justamente, o grosso da minha pesquisa de mestrado. Porém, a meu ver, até como indício mais uma vez da escola e da moderniade que nos constitui, especialmente as matérias que tem em seu nome as principais ferramentas do professor, ou seja, avaliação e didática, são vítimas ainda mais fortes de uma lógica baseada na metodologia. Em outras palavras, a meu ver, quando pensamos as bases da avaliação e as bases da didática, às pensamos instantaneamente com suas fontes metodológicas de pensamento. Em simpatia com a idéia de racionalidade estético-expressiva e moral-prática (que estudamos agora com o Boaventura) como fundamentais para resistir à racionalidade cognitivo-instrumental que pauta tais metodologias, acredito que é urgente darmos à esta base o que não deveria ter sido retirado dela, suas bases filosóficas!

É claro que já venho levantando alguns registros de experiências para possíveis mudanças na avaliação. Mas não acredito em uma mudança de fato densa e interessante, sem profundos mergulhos, perigosos nas filosofias-metodologias que às tornaram possível, pensável, e pior de tudo, naturalizável. Foi, justamente isso que pensei para a disciplina, tentar formar um arsenal filosófico para que, ao pensarmos a avaliação, no mínimo, à desnaturalizássemos, vissemos algo que não viamos antes, sempre atento também aos assuntos que pululam pela sala, como a feminilidade, a figura da mulher, as Pandoras e as Evas que, apesar de não aparentarem, à primeira vista uma utilidade óbvia, são imagens e figuras super significativas para se pensar o que nos constituiu até aqui, que valores fizeram possível surgir a escola e em nosso caso a avaliação. Afinal de contas a escola aberta surgiu tem pouquíssimo tempo, apesar de aparentar ter surgido antes mesmo da vida. O que são 2 séculos frente à história da humanidade?

Está aberto o debate.. que jamais se feche.

Reescrevo aqui o poema de Jorge Larrosa:

"em uma conversa,
não existe nunca a última palavra...
por isso uma conversa pode manter as dúvidas até o final,
porém cada vez mais precisas,
mais elaboradas,
mais inteligentes...
por isso uma conversa pode manter as diferenças até o final,
porém cada vez mais afinadas,
mais sensíveis,
mais conscientes de si mesmas...
por isso uma conversa não termina,
simplesmente se interrompe...
e muda para outra coisa."

Jorge Larrosa - Pedagogia Profana

O que dá mais movimento? Viver sempre em dúvida ou com certezas?

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Ola Prof!
    Acho que é interessante sempre questionarmos, não nos acomordarmos.Talvez muitas coisas não mudam na escola porque as pessoas deixaram de duvidar!
    Acho que é a partir de nossa formação ainda que devemos ter contato com novas alternativas e possibilidades.
    Valeu!!!!!!!

    ResponderExcluir
  3. Num dado momento,observei em um anúnicio que não lembro qual o papel da avaliação.
    Nele estava escrito que a avaliação, ao mesmo tempo que avalia o aluno,também serve para castigar.
    Não concordo com essa afirmação,pois se a avaliação é feita para casticar o educando ficará reprimido e irá nutri dentro dele um ódio incontrolável pelo educador.

    ResponderExcluir
  4. A avaliação de certo modo, serve também para deixar os alunos anciosos e temerosos, pois é esse sentimento que observo na maioria das pessoas.
    Alguns só de ouvir essa palavra, sentem um arrepio.
    Acho que a escola deveria mudar essa realidade, na qual o aluno não se interssa realmente pela matéria, onde só estão preocupados em passar,onde estão habituados a gravar e não a pensar.
    Avaliar pode ser uma diversão, basta ter criatividade.

    ResponderExcluir